quarta-feira, 11 de julho de 2007

A última a saber

Sou porteira, mas não sou cega. O malandro do Samuel deve pensar que ando a dormir. Chega a fazer horas suplementares, mas eu sei que não é por amor ao trabalho. Acentua forçoso
- Ai, D. Clotilde, tá a ver as horas que eu faço?
Pois é, mafioso de Massarelos, eu já te conheço. Os marmelos apetecíveis da lavandaria obrigam-te a laborares horas extras penosas. Nem toda a gente tem sorte de ter horas destas pagas a preço de ouro.
- D. Clotilde, vá dizer à Sandra que depois de terminar o serviço que a quero aqui na recepção para lhe explicar umas coisas.
Filho da mãe, a mim não me queres ensinar tu. Vejo mal, cambaleio, tenho a mania dos diminutivos na sala de pequenos-almoços, erro irreparável.
- Quer um cafezinho? Vai um pouco de leitinho? Deseja um croissanzinho?
Vezes sem conta me deu vontade de contar tudo, tudo, tudo à namorada dele. Havia de saber. Já a vi, tem ar de sonsa. Em geral, são umas coninhas. São sempre as últimas a saber.

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